sábado, 27 de abril de 2013


Estou chocada. Embora a violência esteja se banalizando ao ponto de nós não nos impressionarmos mais a cada novo caso, quando você deixa de se concentrar no lanchinho que está fazendo na segurança da sua casa enquanto vê o noticiário e passa a focar no que acontece ao seu redor, consegue enxergar a dimensão da coisa. Vi essa notícia (cujo link segue abaixo e você precisa ler) e não quis acreditar. Apenas vamos dar uma imaginada em toda a situação: Você gasta mais da metade da sua vida estudando e, um dia, finalmente consegue seu espaço como profissional. Nem vive de luxo, não, tem o suficiente para sustentar a si mesmo e a sua família. Um belo dia, está lá dando duro para garantir sua sobrevivência quando, de repente, alguém que fez outras escolhas (que passam longe de enfiar a cara nos livros e se esforçar para ser uma pessoa digna) resolve entrar na sua vida e tentar te tirar tudo aquilo que você conquistou, ou boa parte. Como aqui no Brasil, na maioria dos casos, quem trabalha muito não vive nadando em dinheiro, você não tem lá milhões na conta bancária. E, adivinha só: a criatura, não satisfeita em tomar para si algo que não lhe pertence (simplesmente porque não foi dela o suor derramado), também se acha no direito de te tirar A VIDA. Como uma forma de te punir por você não ser tão bem sucedido e cheio da grana quanto imaginaram antes de te assaltar. É desumano. Eu me pergunto onde vamos parar. Temos medo de ter sucesso, temos medo de nos dar bem na vida e mostrar isso ao mundo porque, a qualquer momento, alguém que nós nunca vimos pode decidir querer nosso dinheiro e vir atrás de nós. E tirar nossas vidas, por pedaços de papel (dinheiro). Como a sociedade pode ver algo assim e achar normal? Ver milhares de casos como esses e pensar 'é só mais um' e não dar a mínima? Como chegamos ao ponto de deixar que uma pessoa tire a vida de outra quando bem entender e saia impune? Não podemos nos calar. Marília R. Trindade

"[...] 

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

 [...]"
 ("No Caminho com Maiakóvski", do poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa - vale a pena lê-lo por completo).


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